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segunda-feira, maio 29, 2006

Grãos de Areia


Somos todos tão iguais e nos vemos tão diferentes! E quando nossos sentimentos se cruzam com o que lemos ficamos surpresos... Não somos os únicos a sentir dor; não somos os únicos a sentir medo, insegurança... não somos os únicos a temer o desconhecido, a sentir decepção, a chorar de tristeza, a ficar na dúvida, a não saber que decisão tomar e recear ter feito a escolha errada... Sofremos mais porque nos vemos sós. Porque temos dificuldade em imaginar que outras pessoas passem por caminhos parecidos com os nossos. Porque nos fechamos no nosso quarto e em nós... nos sentimos tão miúdos que dificilmente imaginamos que fora da nossa janela outros seres sentem-se pequenininhos também, cada qual sozinho na sua dor e solidão. A auto-piedade que nos devasta, assola milhares de eus espalhados por aí. Vistos do alto, somos apenas pequenos pontos, grãos de areia no mar da vida, tremendamente parecidos. E a chuva, quando rega a terra, não escolhe cabeça; o sol ilumina tudo por igual e a lua pode encantar qualquer um.Somos todos sim iguais na alma, na pequenez e na grandeza; Eu choro também, me comovo, morro um pouquinho a cada dia e renasço na minha fé. Desanimo de vez em quando e ergo a cabeça logo depois; espero impaciente o nascer do dia e faço planos pro dia seguinte. Me faço mil perguntas para as quais não encontro respostas. Somos assim, tão iguais eu e você e tantos outros!... A prova disso é que você se identifica com o que digo.Se a emoção que aperta meu peito, aperta o peito de quem me lê, é porque somos feitos do mesmo barro. E se posso ver e crer na vitória e ultrapassar meus limites é porque todo mundo, cada um pode. Podemos conjugar todos os verbos em todos os tempos!É verdade que o sol não nasce e não se põe pra nós no mesmo momento, mas isso não muda em nada a verdade de que somos assim maravilhosos e importantes grãozinhos de areia aos olhos de Deus.

Letícia Thompson

segunda-feira, maio 22, 2006

Obsessão do Mar Oceano


Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas... e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso,
Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.

Mario Quintana