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terça-feira, março 20, 2007

Monólogo

Células urbanas perturbadas ...Um e outro cético inato pragmatismo de mundo. Ora... Porque ostentam tantos paradigmas ? Será por conta de um sociedade falida e muitas vezes arbitrária, mascarada, utópica?
Hipócritas! Patéticos bastardos da Gaia grega, a procura de súditos dos próprios ensinamentos. Pobre pensamentos, num tempo perdido!
...Urbanóides que se alinham na esfera do "Status Quó", híbridos e ociosos, aparatos inócuos em desalinho... Desatino!
Pedras inanimadas da rapsódia comedida, mensurável faceta impura da nobreza : Os feudos natos!
Células Urbanas...Matrizes subalternas da casta polida...Monstruosa e desumana! Deixam-nos para tráz... A politicagem sem rumo, eira ou beira...Sem diretrizes.
Rochas inanimadas , sedimentadas de memória sóbria, porém, curta. Trocamos os papéis para o segundo ato do episódio...Mais uma cena!
Do caráter sereno sobraram bravuras incontestes...!
Eis a célula urbana num tempo voraz de retóricas mil...
No apraz de um monólogo incerto... No dissertar dos fatos recobro a consciência e o meu caminho já não é mais o mesmo...Células urbanas é o que somos no monólogo da vida!


Luiz Carlos Reis

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Conto de Carnaval

Mês de fevereiro... Verão, praia, piscina e ... Carnaval que desponta como reduto incontestável de Reis Momos, Arlequins e Pierrôs trazendo na bagagem muita diversão, folias e folguedos. No norte e nordeste brasileiro têm frevo e maracatú, no sul o contágio dos enredos e a luxúria de blocos, cordões e escolas de samba. No centro-oeste o siriri festeja a folia carnavalesca às margens do Rio Grande. Mas é na Bahia, nordeste brasileiro, onde o carnaval fora de época, de estafantes e contagiantes blocos e trios elétricos compõe o cenário da festa tupiniquim. Para os festeiros de plantão, diversão garantida, para outros tragicomédia. E, Doutor Zulmiro, solteirão convicto no auge dos seus quarenta e poucos anos, boa forma física ensaiava, a caráter, alguns passos e marchas carnavalescas, não queria fazer feio. Precavido preparou tudo às vésperas. Passagens e reservas com destino à Salvador. No aeroporto o desabafo:
- Dane-se! Dane-se tudo...a patética situação econômica e política da Argentina, os entraves políticos no Brasil, a febre aftosa, LULA e sua corja, as eleições ...O que importa nesse momento é curtir o carnaval...esquindô lê lê! Esquindô lá lá – gesticulava com os dedos em riste. A ansiedade e a expectativa tomavam conta daquele “tiozinho”. Haja coração! Quanta mulher bonita e “gostosa”, pensava Zulmiro. Na praça Rui Barbosa, o público apinhado e gigantesco pulava freneticamente. No meio da ror estava Zulmiro... Ê Zulmirão! Curtia como um chicleteiro, numa empolgação alucinada. O calor exalava os mais diversos odores de “sovaco”, mistura de gente, suores, purpurina e confetes. A bebida predileta, uma tal de “capeta”, à base de vodka, guaraná em pó e canela, esquentava ainda mais e haja água pra hidratar e agüentar o embalado carnaval fora de época do nordeste.. Tem folia pra muitos dias. Nossas mulheres! Que belas obras na mãe natureza! Morenas ou loiras, tropicanas e calientes, beldades brasileiras de curvas sinuosas em minúsculas roupas. Insinuando, provocando, rebolando as cadeiras e instigando as mais loucas fantasias daquele quarentão, ao som da banda Chiclete com Banana. Empolgou-se! Não soube precisar de onde veio o pescoção... uma... raquetada, para ser mais exato!O tapa foi tão forte que Zulmiro despencou e estatelou-se no chão. Caído, foi pisoteado e “atropelado” pela multidão fanática que cantava o refrão: “Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu”.Na Santa Casa de Salvador, as ataduras que cobriam o corpo de Zulmiro, davam-lhe um aspecto de “múmia egípcia”. No ouvido persistia o zumbido da bofetada, que quase lhe estourou os tímpanos. Na televisão...o Big Brother da reeleição...é Lula lá.. - Paz e amor! De novo! Nas lembranças de Zulmiro o carnaval não acaba na quarta-feira de cinzas... termina antes! Certamente a mulher do próximo não é colírio para os olhos! E... tudo começa outra vez, eis que o samba... é de uma nota só!

Luiz Carlos Reis