oficina cultural

oficinas culturais texto

Páginas

segunda-feira, agosto 13, 2007

Mar Oceano...

Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama.
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas sobre as mesas...
E moças na janelas com brincos e pulseiras de coral... Búzios calçando portas...
Caravelas sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto, na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só, uma caixa de música;
Uma bússola, um mapa figurado, uns poemas cheios de beleza única de estarem inconclusos... Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei ! Eu nem sei como te chamas?
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.

Mario Quintana

terça-feira, julho 17, 2007

Ao escrever poemas...


Tenho a mão pesada ao escrever poemas. Abro, no papel, profundos sulcos, tipo leito de um rio, por onde navegam palavras, pensamentos, histórias, coisas colhidas nas trilhas desta vida. Não acaricio as palavras, espremo-as, até ter delas seu sumo, seus significados. Uso cores agressivas, por vezes exuberantes, quando tento passar uma mensagem. Quando falo de saudade prefiro o cinza, nostalgia em branco e preto e a revolta em águas barrentas, sempre! Estou mais para realidade, a vida me fez assim!

Tenho a mão pesada aos escrever poemas, machuco o papel, até perceber que alí existe sangue, suor, saliva, sentimento, não sei escrever sem expor feridas. Parir versos é remexer nas entranhas, é cutucar cicatrizes, fazê-las ardidas, só assim o poema sobrevive e eu consiigo exorcizar minha dor.

Imagem

Naldo Velho, Literarte, ano XXII, nº 264, Fev/2007