oficina cultural

oficinas culturais texto

Páginas

segunda-feira, outubro 08, 2007

Cavalgada



Cavalgo em êxtase
no corcel da poesia.
O espaço me limita o vôo,
mas a alma liberta
transpõe os horizontes.
Nas patas do cavalo,
vou massacrando sonhos,
e o chicote estala no lombo insofrido.
Tenho pressa de chegar...
De esquecer...
De me por em novo abrigo...
E na corrida em que me lanço,
agarro-me às rédeas do alado corcel,
indiferente às quedas a que me exponho.
Eis mais um obstáculo à frente.
Derrubo estacas.
Derrubo a mim mesmo.
Mas, novamente em pé,
ergo para o alto o cetro da vitória,
após ter caído
pra levantar de novo.


Aritá D. Pettená, Literarte, Ano XXIII, nº 264, Fev/2007

segunda-feira, agosto 13, 2007

Mar Oceano...

Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama.
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas sobre as mesas...
E moças na janelas com brincos e pulseiras de coral... Búzios calçando portas...
Caravelas sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto, na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só, uma caixa de música;
Uma bússola, um mapa figurado, uns poemas cheios de beleza única de estarem inconclusos... Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei ! Eu nem sei como te chamas?
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.

Mario Quintana