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sábado, junho 24, 2006

Vento no litoral...


De tarde eu quero descansar,
chegar ate a praia e ver
Se o vento ainda está forte
e vai ser bom subir nas pedras
Sei...Que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora...
Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora além de aqui dentro de mim?
Agimos certos sem querer,
foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Por que você está comigo o tempo todo...
E quando vejo o mar, existe algo que diz:
Que a vida continua e se entregar...
É uma bobagem...
Já que você não está aqui
o que posso fazer
É cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos...
Pensar que o plano era ficarmos bem...
Ei...olha só o que eu achei...
Cavalos marinhos...
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o tempo vai levando tudo embora...

Renato Russo

domingo, junho 18, 2006

Cotidiano de um suburbano - o final

Vago sem rumo pela Ghotam paulista. Desconheço o meu caminhar , meio capenga nessa urbe esburacada. O sereno da noite umedece minha cútis. Sinto a friagem gelar meus ossos, preciso de algo quente para beber, um uísque, uma tequila... uma pinga! Qualquer destilado que possa aquecer minhas entranhas sedentas, secas.
Apenas uma dose...

Meu peito dói muito! Trêmulas minhas mãos parecem não me obedecerem , à tempos perdi o controle sobre elas.
O relógio na torre do Mosteiro parece não funcionar. Chego à imaginar os áureos tempos da minha juventude. Tempo...esse sujeito foi implacável comigo, meu reflexo, já arqueado da minha imagem, sombreada na vitrine da loja não mente.
A rua continua deserta, erma. O arrulhar dos pombos quebram este silêncio mórbido. A penumbra noturna é recortada de forma geométrica pelos feixes que se formam das luzes de mercúrio que pouco iluminam. Cadê a tecnologia dos grandes centros urbanos?

Continuo minha busca, meu caminhar, meu rumo.
Três vultos tomam forma ao longe, é impossível descrevê-los, usam capotes negros e longos que cobrem-lhes os rostos mal encarados, pálidos ...barbas por fazer, carecas. São skinheads! Anarquistas! O que fazem ali?
Suburbanos como eu? Ou ...estereótipos de uma sociedade desestruturada pelo capitalismo espoliativo, que vagam como animais sedentos, madrugada adentro, em busca de uma presa, um troféu? Serei eu a presa? Não! Absolutamente! Não!
Continuo convicto e retilíneo em meu trajeto. Como se fosse dono daquele espaço da urbe. Desistir naquele instante, traria à tona todos os meus piores medos... Meus paradigmas? Se foram, estão quebrados e estilhaçados!
Porquê temer? Estou convencido dos meus medos. Resistirei! Não pertenço à cadeia alimentar dessa casta preconceituosa e racista... Encaro-lhes...
Cochicham e balbuciam palavras entre eles, signos de um dialeto indecifrável, insignificantes para mim...
Bato de ombros num deles. Paro ainda de costas, indeciso e amedrontado. Fui corajoso, mas até que ponto?

Será que ... que besteira cometi?Devo continuar...reagir. Minha mente doentia não permitiria não tenho forças ... nem tempo! Se foram...
Violência ?O mundo já anda tão violento! Certamente seria esmagado, massacrado, desovado, uma página efêmera dos tablóides vespertinos.
Quero apenas um drinque! Nada mais do que isso!
Sou espelho dessa sociedade que violenta meu corpo, já cansado, todos os dias. Nenhuma assistência.
- COF! COF ! COF!
Por alguns minutos uma tosse purulenta me acomete violentamente. No peito a mesma dor, pungente, que parecia sair do fundo da alma.
Estou cansado, atordoado... recostei-me junto ao poste, me serviu de bengala. Vieram as náuseas, ô vômito incontido em forma de borra de café. Quero recobrar os sentidos, preciso de um trago...Argh!
Não sinto minhas mãos trêmulas como antes, estou sonolento! Minha garganta está insípida...Essa dor... continua latente.
Uma paisagem fica estampada em minha memória. O que está acontecendo afinal? Parece que flutuo, pairo sobre àquele corpo iluminado pelo feixe de luz mercúrio... um quadro pintado à óleo, cena de natureza morta. Elo morfético...hipotético... da urbe urbanizada.


Luiz Carlos Reis

segunda-feira, junho 12, 2006

Cotidiano de um suburbano - O começo

O dia promete ser atribulado. O vai e vem de pessoas esbarrando-se entre si, cada qual no seu rumo, incerto, efêmero, às vezes sem sentido, me atordoa.Sou mais uma incógnita, anônima. Receoso indago que caminho devo seguir ? Essa pós- modernidade utópica e retrógrada me contagia ... Sou fruto passivo da xenofobia congênita, que impregna as “coisas velhas” e ultrapassadas... vencidas. Um novo plano eclode da virtualidade: o subjetivo humano.
Penso, talvez eu exista! Descarto qualquer plágio!
As unanimidades persistem e corroem as discussões sem argumentações.Existem dialéticas sem fundamentações ou filosofias artificiais?
Nas ruas tribos amotinadas amontoam-se e disputam espaços urbanos nos picos mais altos da selva de pedra. Pitorescas são as formas e os variados signos que maculam a arte... rupestres. Retroagimos?
Como animais racionais nos isolamos do mundo a nossa volta. A tela do computador, a televisão, a internet, hipermídia... essa “coisa” chamada modernidade tecnológica tornou-se nosso mundo visionário. Indefesos e acuados não sabemos como fugir. Neste exato momento nos tornamos escravos e não vemos mais pessoas indo e vindo, o gerúndio se torna implacável. No recôncavo do nosso leito pagamos pela virtualidade subjetiva e... manipulamos nosso cognitivo, formatamos nossas vidas. Os esboços ao nosso redor, são retratos pitorescos, cubistas, reproduzidos em cadeias e elos que tentamos cruzar com a realidade. Volto à utopia antagônica que me impregna. Estamos apáticos à realidade que nos cerca.Voltemos à realidade. Quanta tecnologia! Mas que importa, sou avesso a ela, xenófobo, absolutamente...xenófobo. Quero afogar o celular... na privada!Internet?
Universo midiático sem sentido e virtual. Quanta viagem! O contexto é outro, corro para não perder o ônibus, a estas horas lotado na imensa Gothan City paulistana.
No coletivo, entupido, odores ardidos e fétidos dos amplexos involuntariamente arvorados, que nos abraçam a balaústres capengas e recostos rudes. No balanço da Nau urbana e sem velas ...o vento dissipa a catinga.

Luiz Carlos Reis

quinta-feira, junho 01, 2006

Intelectos Bastardos

Pensastes como um idiota! Baluarte medíocre da hipocrisia...Tú és um louco? Até parece! Ainda pensas como um provinciano com méritos de "bobo da corte". Quanta petulância exprimes o teu ser! Quando olhas para tua imagem, refletida no espelho da vida, o quê realmente vês? Bastião inconteste! Tú vês um rosto incontido, sem máscara, sem adereços ou maquiagem. Apenas a face, um rosto carcomido e enrugado, que o tempo deixou nos traços de sua ascendência a escarlatina asquerosa e nojenta...
Somos entes arcaicos, leigos protagonistas do retrô humano! Nada! Absolutamente nada, frente a onipotência e sapiência Divina!
Julgamos com pretenção!
Sabedoria... Humildade... virtudes de poucos. Ansiamos por muito e basta tão pouco. Será assim...suficientemente tão pouco? Não condiz com o "paradoxo ajustado" da visão de mundo que assimilamos em nossa existência, dos paradigmas e viés da vida, dura por excelência!
Dura sim! Para quem amolece. Àquele que vai em frente, essa mesma vida, renova-se à cada obstáculo vencido, transpassado, superado...resolvido. Nos degrais do palanque outros ascendem...divida os espaços, deixe-os passar.
Rompido todos os "paradigmas freudianos", simples apócrifos de uma "acta" sem público, faz com que voltemos ao espelho novamente, cuja face, agora, se ilumina com novos horizontes e idéias.
O surrealismo retrô e suas falácias ficam contidos no passado, a realidade desponta. Todos são verdadeiramente iguais nessa comédia humana?
Perdeu-se?
Na imensidão das palavras! Que significados são estes? Metáforas jogadas ao vento?
Louco é quem me diz...apenas sonhos se tornam realidade!


Luiz Carlos Reis