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sábado, agosto 05, 2006

Tempos difíceis

A farda engomada e robusta na estatueta de bronze... mistura de latão e cobre é só um busto de azinhavre enclausurado que adormece, como gigante, num ataúde de lembranças sem saudades... fechado à gorje.Símbolo da retórica utópica e ufanista da caserna, dita “dura” nos idos anos do terror inconteste.Esta mesma que aterrorizava, cerceava e apunhalava pelas costas a expressividade e a liberdade dos dissidentes revoltos contra um sistema retrógrado. Manchas...foi o que ficou no metal contundente da baioneta ensarilhada.Pobres comunas do império escarlate...Rubros...Em suas bandeiras tremulavam ceifantes a foice e o machado, insólitas insígnias, vertentes da terra, do trabalho, da igualdade fraterna e liberal.Ascender frente ao paredão sistemático da falange oliva ... impossível. Restou aos rubros camaradas apenas o mofo úmido e fétido dos porões.Como ratos acuados, o açoite rude e o pau-de-arara macularam suas carnes, mancharam-lhes as honras . Companheiros camaradas! Silenciosos, agora, repousam em cova rasa sob a cal. Mártires! Somente mártires, sem fardas, patentes ou graduações ... deixaram ideais.Bravos amotinados contra uma ditadura fascista e retrógrada. Deixaram teus manifestos contra sofismas e falácias dessa retórica opulenta. Aos politicamente corretos...ingratidão e insanidade.Que verbo conjugar num período de incertezas? Qual pessoa ou tempo? Futuro ou presente? Circo ou arena?Na concha virada riem... em conluio. Patéticos demagogos!Estilhaços de uma granada ferem há tempos a honra, bravo pendão que sustenta a esperança ...Salve camaradas! Salve!

Luiz Carlos Reis

terça-feira, julho 25, 2006

Sonhos de Palhaço

Adormeço...cansado, exausto, fatigado. Os sonhos talvez não virão...Me iludir! Meu cognitivo ameniza os pensamentos ...os olhos escurecem...Morfeu me atazana...apenas flashes de luzes e cores me direcionam.Vejo também constelações e galáxias num espaço entre o terreno e o estratosférico... imaginários que dominam todo o meu subconsciente ... sem consciência ou noção de tempo...Tempo presente que se projeta para um futuro quase real, deveras subjetivo, objeto superficial... mais hologramas transcendentes, como matizes retorcidas, chuvisco de uma televisão fora de sintonia... Desligue-a!Um espelho surge no front ... front de batalha? O que há camarada?Não há nada só o espelho, reflete um rosto que não reconheço... pintado, sofrido pelas ilusões mas... de olhar doce e meigo...sincero, apraz. Pintado como uma máscara onde estampa um sorriso...amável.Quantos picadeiros de ilusões inflamou o mascarado...? Muitos! Obteve notoriedade, a graça... o chacotear o fez viver e sobreviver!Palhaço! Pensas que somos palhaços! Todos riem...até você! Mesmo nesta solidão aturdida...Riam ...gargalhem não me importo! Espero por aplausos, sinceros...! A tenda circense me protege. Findo os tambores ... mais aplausos... ! Acabou o espetáculo, volto ao camarim retomo o monólogo insólito... frente ao espelho um rosto... laivos de zíngaro na máscara violenta e nua...Acorda-me Morfeu!

Luiz Carlos Reis