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segunda-feira, setembro 04, 2006

Apenas rascunhos...

Às vezes nos perdemos no lirismo doce e poético das palavras, nesta metamorfose de letras e signos sempre tão breves...
Outras vezes endurecemos e rudemente, como num rascunho inacabado, pois são assim as palavras inacabadas, magoamos ou partimos algo construído...Vem a saudade...
Nas palavras percebemos todo o contexto significativo do sentimento, sempre expressivos, sejam homógrafas ou heterofonéticas...São as palavras! Poucas ou muitas, são as entrelinhas da emoção, as diretrizes do coração a comoção... Sentimentos imensuráveis dispostos em... Palavras! Que não podem ser tocadas...
Letras, vogais e consoantes, etimologia, grafia... Sílabas. Inseparáveis mutantes! Que adiante viram poemas, prosas rimadas, sonetos e quadrantes, duetos e composições em versos sincronizados...
Podem ser de amor, tão emotivo! Platônicas! Mal versadas não importam!
Conjuntos fônicos, cantarolados, recitados, declarados, declamados que ao ouvi-las...Ora podemos sentí-las, queremos tocá-las...
Dizem muito ou tão pouco e, para compreendê-las bastamos ouvi-las e assim criarmos contextos em devaneios, diretrizes, ou melhor, singelos alpendres de versos e sentimentos... Apenas rascunhos, pois o coração pode estar em desalinho...

Luiz Carlos Reis

terça-feira, agosto 15, 2006

Alvorada de um suburbano


Segunda -feira, quatro e quinze da madrugada acordei meio assustado com o barulho ensurdecedor do despertador. Num acesso incontrolável de estresse e raiva, desliguei-o brutalmente com uma pancada. Como dormí muito mal a noite anterior.
- "Marvada" pinga! Não estou suportando o meu próprio hálito.
As dores de cabeça... nas costas e pescoço estão insuportáveis, tornaram-se congênitas... são protagonistas da minha insônia, dessa "coisa" de dormir chapado.

Prometo para mim mesmo parar de... nunca mais beber.
- Maldita insônia! Ainda sonolento, levantei e sentei-me na cama, o colchão já não absorve as tensões ortopédicas previstas , meu corpo está cansado e o sono... é incontido e maçante. Espreguiço...o estalar dos ossos rompe o silêncio amorfo. A penumbra invade aquele cubículo frio, fétido e embolorado. Restos mortais de uma barata nojenta e gosmenta, impregnam a sola do meu pé...pisei por infelicidade naquele ortóptero alado. Azar o dela! Tateio o chão com os pés e, na escuridão da edícula, meu cognitivo tão ou... atordoado pela bebedeira indaga: cadê a porra do chinelo? De pé! Finalmente!

A cabeça roda...e roda como pião na cela desenhada com gravetos, num chão de terra batido. Mas é questão de tempo...a topada do antelho mínimo no "pé da cama" foi inevitável, a dor provocou o marejar dos olhos, escureceu a visão, e uma dor pungente e desmedida toma forma...
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Algumas lágrimas escorrem pelos cantos dos olhos , um palavrão ecoa num desabafo incontrolável, como um rugido, quebrando o silêncio da madrugada...

Luiz Carlos Reis

Foto:
http://www.fotorevista.com.ar/Galeria/Argentina